Mais do que homenagear Clarice no ano de seu centenário, o objetivo da edição é apresentar uma série de leituras capazes de oferecer novas interpretações e perspectivas sobre a obra da autora que legou verdadeiros clássicos da literatura brasileira, como A paixão segundo G.H., A hora da estrela e Perto do coração selvagem. uma produção permeada de visões filosóficas, arrebatamento e múltiplos sentidos.
Para isso, reuniram-se aqui grandes especialistas em diferentes aspectos da escrita clariciana, que reafirmam e atualizam a força dessa autora aberta a novas descobertas de leitoras e leitores de hoje, e do futuro. Como afirma o organizador Júlio Diniz: “Não se pretendia falar de Clarice como um monumento literário, aprisionado a um passado glorioso, nem tratar a sua obra como um arquivo já constituído. Queríamos celebrar a voz viva, presente e potente desta nordestina-ucraniana-judia-carioca-passageira-do-mundo, que marca em definitivo a literatura e a cultura em língua portuguesa no século XX.”
“Conhecia alguns de seus gostos, não porque ela os entregasse, mas porque a observava. Sabia que prezava sua beleza, porque nunca a vi sem maquiagem, ou despenteada, ou sequer malvestida. Sabia que gostava de acordar e fumar um cigarro na janela, forma de assimilar o dia e debruçar-se sobre a vida. Sabia que lia – embora dissesse em entrevistas que não estava lendo nada – porque quando íamos visitá-la havia sempre livros esquecidos numa poltrona ou sobre algum móvel. Sabia que considerava a escrita um fardo, mas que, quando porventura não conseguia escrever, entrava em desespero e telefonava para os amigos. Mas nunca soube o que ela pensava de fato, ou só o soube através da leitura dos seus livros.” – Marina Colasanti
“Seu rosto, embora atento, revestia-se às vezes de uma neblina que a arrastava para longe. Por tal razão, em sua casa, cedíamos ao peso da vida enquanto tomávamos café e ela fumava, com Ulisses, o amado cachorro, à espreita da guimba que depositaria no cinzeiro. Ao longo dos dezoito anos de amizade, falando-nos diariamente, Clarice aportava-me benesses, júbilo, belos presságios. Eu pensava que estaria por muito tempo atada à eternidade terrena. No entanto, partiu cedo e não me conformei. Nossa amizade deveria ter durado mais que nós.” – Nélida Piñon
Detalhes do produto
- Editora : Bazar do Tempo
- 1ª edição (26 novembro 2021)
- Idioma : Português do Brasil
- Capa comum : 424 páginas
- ISBN-13 : 978-6586719772
- Dimensões : 16 x 2.5 x 23 cm
Quanto ao futuro, Clarice - Júlio Diniz
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