top of page

O teatro hip-hop traduz caleidoscopicamente o movimento e a cultura hip-hop: oralidade, resistência, invenção, mistura, política, música, dança, dramaturgia, improvisação, performance. O palco torna-se uma arena para o desenvolvimento de uma ação dramática completamente envolvida e definida pelas questões contemporâneas, do cotidiano ou dos grandes temas. Este livro celebra vinte anos de percurso do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos e seu Teatro Hip-Hop, tornando impressas palavras, gestos, lutas e emoções que atravessaram as duas últimas décadas no país. Preparando o solo para os próximos vinte anos de luta e muito briho! A Palavra Como Território registra vinte anos do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, desde seu aparecimento em 2000. As quatorze peças encenadas pelo grupo desde então são aqui apresentadas na íntegra e cronologicamente, com imagens originais e os textos dos roteiros da época da encenação, além de ensaios analíticos especialmente escritos para esta edição. Apesar de sua enorme presença cênica, é também da palavra que parte esse trabalho de pesquisa centrado na junção, e no atrito, de conceitos do teatro épico brechtiano e da cultura urbana hip-hop, o que leva o coletivo artístico a criar uma linguagem teatral inovadora e dinâmica. Suas apresentações giram, por exemplo, em torno do depoimento, da autorrepresentação, da atuação de DJs e de atrizes/atores MCs, que fazem uso do sample, do spoken word (poesia falada) e dos slams (competições de poesia falada) para criar universos e discutir fatos e eventos que nos afetam como sociedade e indivíduos nela. Daí que os textos aqui fixados não poderiam ser mera “imagem congelada” do que foi, mas uma reflexão sobre o que está sendo, parte de uma jornada que está longe de terminar e que expande seu território para além do palco e também destas páginas. Imagem da capa: uma colagem de cenas do grupo em múltiplas ocasiões. Diversidade, visualidade rica e impactante, inventividade são apenas algumas das qualidades que cercam as apresentações do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos em seus espetáculos.

 

Sobre o Autor

Manifesto em Defesa do Território Artístico-Cultural, por Eugênio Lima (de quando o grupo foi despejado de sua sede, em 2014) A ARTE DE SEDIAR EXISTÊNCIA Já é bastante difícil viver em uma sociedade que iguala o direto à vida ao direto à propriedade. Viver em uma sociedade onde, segundo a lei, liberdade e propriedade são garantias igualmente invioláveis sem nenhuma distinção. E é bem pior (ou muito mais arriscado) quando o direito à propriedade se transforma na eliminação de todos os outros direitos. Quando um “negócio” vira a mercantilização da vida. Quando um “empreendimento” significa expulsão, exclusão. Quando “incorporar” é sinônimo de destruir o patrimônio cultural comum. Quando um apartamento é justificativa para apartar. O pleno exercício dos direitos culturais e artísticos (e suas formas de expressão) é garantia constitucional e considerado em sua natureza material e imaterial. Faz parte do rol que convencionou-se chamar de patrimônio cultural brasileiro. Não é possível que o direito aos bens de mercado privado de poucos seja mais importante que o patrimônio cultural de muitos. Sem cultura não há sociedade. Sem memória não há o que partilhar. Nós, do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, dizemos não a essa lógica indigesta e convocamos um debate público sobre qual é a forma e de que maneira podemos proteger a memória e as formas de criação estética materializadas no território cultural dos espaços–sedes dos coletivos artísticos da cidade de São Paulo. No nosso entender, não é admissível que os grandes empreendimentos imobiliários destruam o patrimônio cultural dos grupos e sua troca com a cidade, e não proponham nenhum tipo de reparação. É inadmissível que os empreendimentos cheguem como um “aparato invasor” e não dialoguem com o entorno ou com seus ocupantes. Não há negociação. Há, sim, expedientes que privatizam a discussão, apartando a sociedade e a cidade do debate e alijando os moradores de seu próprio bairro. É preciso perceber que o que está em jogo é a cidade que queremos. Toda vez que se fecha um espaço artístico, um projeto de interesse público morre em detrimento de um projeto de interesse privado (que prevalece, modifica todo o entorno e sumariamente destrói, naquele território, a troca entre a cidade e a arte, apagando a memória e a criação estética/política daquele lugar). Qual é o projeto de cidade desses empreendimentos? Qual é a função social dessa arquitetura? Qual é o diálogo que existe entre a história do território e esses “prédios”? E, sobretudo: O que a cidade recebe em troca de tal iniciativa? É de notório conhecimento que o ato de permutar materializa a troca de uma coisa por outra. De toda forma, esse ato passou a se mostrar como uma ferramenta eficiente de mascarar a falta de respeito ao direito de preferência de todo e qualquer inquilino, impossibilitando, mesmo que de forma ínfima, a resistência à destruição. O que está em jogo é uma cidade. Diante de tudo isso e, sobretudo, por acreditar que a pólis ainda é possível, que a rua é mar sem fim e que a cidade é o espaço comum para o convívio dos diferentes, nós, do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, afirmamos publicamente que iremos abrir o diálogo com a sociedade através de eventos públicos na nossa sede e em seu entorno, e que mesmo diante das ameaças de despejo permaneceremos aqui, na tentativa de garantir a nossa existência. Vamos publicamente exigir reparação para que tudo não seja visto apenas como uma “questão de mercado” e que os territórios artísticos culturais possam existir em sua plenitude. TER SEDE É SEDIAR NOSSOS SONHOS TER SEDE É TER SEDE POR TRANSFORMAÇÃO TER SEDE É CONSTRUIR O IMAGINÁRIO CONCRETO TER SEDE É TER ONDE POUSAR “Por que não existe outro pouso nem outro lugar de sustento….” Acreditando que a melhor maneira de lidar com o conflito é torná-lo público, convocamos a quem se sentir tocado a se juntar a nós nesta odisseia. Quem sentir verá. Quem sentir será. Att. Núcleo Bartolomeu de Depoimentos

 

Detalhes do produto

  • Editora ‏ : ‎ Perspectiva; coedição: Cooperativa Paulista de Teatro (5 abril 2022)
  • Idioma ‏ : ‎ Português do Brasil
  • Capa comum ‏ : ‎ 544 páginas
  • ISBN-13 ‏ : ‎ 978-6555050967
  • Dimensões ‏ : ‎ 16 x 3 x 23 cm

A Palavra como Território - Claudia Schapira, Eugênio Lima, Luaa Gabanini

SKU: 9786555050967
31,00 €Preço
  • Até 5 dias úteis.

   Portes de envio.

Taxa fixa de € 3,25 por pedido

Entrega grátis para pedidos acima de  € 50,00 

                     

Produtos relacionados

bottom of page