Quase 50 anos após o lançamento, Bagagem, livro de estreia de Adélia Prado, retorna com nova capa para celebrar esta grande escritora da literatura brasileira, vencedora dos prêmios Camões e Machado de Assis.
Poucos autores brasileiros tiveram uma estreia tão festejada quanto Adélia Prado ao lançar Bagagem, seu primeiro livro de poemas, em 1976. Basta lembrar que a coletânea foi efusivamente saudada por Carlos Drummond de Andrade, que escreveu sobre os poemas da conterrânea mineira antes mesmo da publicação em livro, dando início a uma relação de admiração mútua.
Bagagem traz textos carregados de emoções que, para Adélia, são inseparáveis da criação, embora frequentemente nasçam do sofrimento. Ancorado na experiência da autora, o livro traz um sem-número de referências, que vão de Guimarães Rosa à Bíblia (“Tudo é Bíblias. Tudo é Grande Sertão”), do teatro à filosofia (“Muito maior que a morte é a vida”). A religiosidade também permeia muitos dos poemas, refletindo a realidade da vida no interior do Brasil. Em diversas ocasiões, Adélia expõe o confronto entre o sagrado e o profano, observados nas pequenas coisas da natureza ou até na leitura de um texto religioso.
O estilo único dos poemas não reflete apenas a lenta maturação de uma obra idealizada ao longo de quatro décadas (Adélia tinha 40 anos quando publicou seu livro de estreia); ele revela uma poeta com autocrítica, cultivada pacientemente, e disposta a correr riscos. Essa estreia tardia revela um equilíbrio raro: frescor e maturidade, ousadia e respeito, desinibição e humildade.
Agora, a tempo de comemorar os prêmios Camões e Machado de Assis, conquistados pela autora em 2024, Bagagem retorna aos leitores com nova capa, assinada pelo premiado designer Leonardo Iaccarino, sobre a obra Um segundo rio corre neste que todo mundo vê (2021), da artista plástica Manoela Monteiro.
“Adélia é lírica, bíblica, existencial, faz poesia como faz bom tempo: esta é a lei, não dos homens, mas de Deus.” – Carlos Drummond de Andrade
“Adélia é uma poeta da linguagem escrita. Mas escrita ditada pelos ritmos da voz, longamente cultivada na liturgia, na conversa da cidade de interior, na memória familiar, nas canções populares e na declamação dos poemas. A sua concepção poética converge para o verbo.” – Augusto Massi
Adélia Luzia Prado de Freitas nasceu em 13 de dezembro de 1935, em Divinópolis, Minas Gerais, onde vive até hoje. Escreveu os primeiros versos aos 15 anos, logo após o falecimento da mãe. Completou o Magistério em 1953 e começou a lecionar em 1955. Em 1958, casou-se com José Assunção de Freitas, com quem teve cinco filhos. Antes do nascimento da caçula, a escritora e o marido iniciaram o curso de Filosofia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Divinópolis, formando-se em 1973, um ano após a morte do pai. Poucos anos depois, enviou os originais de seus poemas ao crítico e escritor Affonso Romano de Sant’Anna. Este os submeteu à apreciação de Carlos Drummond de Andrade, que considerou os poemas “fenomenais” e indicou sua publicação a Pedro Paulo de Sena Madureira, da Editora Imago. Empolgado com o que leu, o editor decidiu publicar os originais, o que resultou no lançamento de Bagagem, no Rio de Janeiro, em 1976, com a presença de Antônio Houaiss, Raquel Jardim, Drummond, Clarice Lispector, Affonso Romano de Sant’Anna e Nélida Piñon, entre outros intelectuais e escritores. Desde então, a obra de Adélia Prado tornou-se um marco da literatura brasileira, abrangendo, além da poesia, também contos, romances, livros infantis e peça de teatro.
Vencedora de inúmeros prêmios literários – entre os quais, Camões, Griffin, Machado de Assis, Jabuti e Biblioteca Nacional –, Adélia Prado foi condecorada pelo Governo Brasileiro com a Ordem do Mérito Cultural em 2014.
Detalhes do produto
- Editora : Record; 1ª edição (27 janeiro 2024)
- Idioma : Português do Brasil
- Capa comum : 160 páginas
- ISBN-10 : 8501922749
- ISBN-13 : 978-8501922748
- Dimensões : 13.5 x 1.3 x 20.5 cm
Bagagem - Adélia Prado
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