Descrição
“Desenvolvimento” é uma palavra artificial, um termo vazio em que se imprime uma significação positiva. Apesar disso, manteve seu status enquanto perspectiva, porque se inscreve em uma rede internacional de instituições, que abrange desde a Organização das Nações Unidas até as organizações não governamentais. […]
A queda da ideia de desenvolvimento se tornou óbvia na Agenda 2030 da ONU para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Foi-se o tempo em que o desenvolvimento significava uma “promessa”. Naquela época, falava-se em jovens nações ambiciosas que avançavam pelos caminhos do progresso. De fato, o discurso do desenvolvimento sustentava uma promessa histórica monumental: no fim, todas as sociedades venceriam o abismo que separa ricos e pobres, e partilhariam os frutos da civilização industrial. Essa era foi enterrada junto com o progresso, pois o que restou foi a luta diária pela sobrevivência. Embora as políticas de combate à pobreza tenham sido bem-sucedidas em alguns países, foram construídas à custa de desigualdades ainda mais profundas em outros lugares e cobraram o alto preço dos danos ambientais irreversíveis. […]
A meu ver, este dicionário do pós-desenvolvimento está diretamente enraizado na narrativa da solidariedade. Os verbetes elucidam vários caminhos para a transformação social, que colocam a empatia por seres humanos e não humanos em primeiro lugar; são visões que se posicionam firmemente contra o nacionalismo xenofóbico e o globalismo tecnocrático. É profundamente encorajador perceber que a teoria e a prática da solidariedade, como testemunhamos na diversidade geográfica desses autores, parecem ter alcançado todos os cantos do planeta.
— Wolfgang Sachs, na Apresentação
SOBRE OS ORGANIZADORES
Ashish Kothari é um dos fundadores do grupo ambiental indiano Kalpavriksh. Lecionou no Instituto Indiano de Administração Pública. Coordenou a Estratégia Nacional de Biodiversidade e o Plano de Ação da Índia. Serviu nos conselhos do Greenpeace da Índia e do Greenpeace Internacional. Ajudou a iniciar o icca Consortium. E presidiu uma rede da União Internacional pela Conservação da Natureza (uicn) em áreas e comunidades protegidas. Foi (co)autor ou (co-)organizador de mais de trinta livros, incluindo Birds in Our Lives [Pássaros em nossas vidas] (2007); Churning the Earth: The Making of Global India [Agitando a Terra: a criação da Índia global] (2012); e Alternative Futures: India Unshackled [Futuros alternativos: Índia sem restrições] (2017). Ajuda a coordenar os processos Vikalp Sangam e Global Confluence of Alternatives.
Ariel Salleh é australiana, ativista, autora de Ecofeminism as Politics: Nature, Marx, and the Postmodern [Ecofeminismo como política: a natureza, Marx, e o pós-moderno] (2007 [1997]) e organizadora de Eco-Sufficiency and Global Justice: Women Write Political Ecology [Ecossuficiência e justiça global: mulheres escrevem ecologia política] (2009). Fundadora da revista Capitalism Nature Socialism, é também professora associada de economia política na Universidade de Sydney, Austrália, catedrática emérita na Universidade Friedrich Schiller, em Jena, Alemanha, e professora visitante na Universidade Nelson Mandela, na África do Sul.
Arturo Escobar leciona na Universidade da Carolina do Norte, em Chapel Hill, Estados Unidos, e em várias universidades colombianas. Seu livro mais conhecido é La invención del Tercer Mundo: Construcción y desconstrucción del desarrollo [A invenção do Terceiro Mundo: construção e desconstrução do desenvolvimento] (1995). Seus livros mais recentes são: Otro posible es possible: Caminando hacia las transiciones desde AbyaYala/Latino-America [Outro possível é possível: jornada para as transições a partir da AbyaYala/América Latina] (2018); e Designs for the Pluriverse: Radical Interdependence, Autonomy, and the Making of Worlds [Projetos para o pluriverso: interdependência radical, autonomia e construção de mundos] (2017). Há mais de duas décadas trabalha com movimentos sociais afro-colombianos.
Federico Demaria é cientista socioambiental interdisciplinar, pesquisador em ecologia política e economia ecológica no Instituto de Ciência e Tecnologia Ambiental (ICTA) da Universidade Autônoma de Barcelona (UAB). É professor visitante no Instituto Internacional de Estudos Sociais, em Haia, Holanda, e membro do coletivo Research & Degrowth e da EnvJustice, projeto de pesquisa que visa a estudar e contribuir com o movimento de justiça ambiental global. É também agricultor de azeitona orgânica.
Alberto Acosta, economista equatoriano, é ex-gerente de marketing da Corporación Estatal Petrolera Ecuatoriana (Cepe), ex-ministro de Energia e Minas do Equador e ex-presidente da Assembleia Constituinte que escreveu a Constituição equatoriana de 2008. Atualmente, é professor e autor de inúmeros livros e artigos, entre eles O Bem Viver: uma oportunidade para imaginar outros mundos (Elefante / Autonomia Literária, 2016), e coautor, com Ulrich Brand, de Pós-extrativismo e decrescimento: saídas do labirinto capitalista (Elefante / Autonomia Literária, 2018).
- Organização: Ashish Kothari, Ariel Salleh, Arturo Escobar, Federico Demaria & Alberto Acosta
- Tradução: Isabella Victoria Eleonora
- Apoio: Coletivo 660
- Edição: Tadeu Breda
- Assistência de edição: Luiza Brandino
- Orelha: José Correa Leite
- Preparação: Natalia Engler & Letícia Feres
- Revisão: Laura Massunari
- Capa: Hannah Uesugi & Pedro Botton / Arquivo
- Diagramação: Denise Matsumoto
- Projeto gráfico & direção de arte: Bianca Oliveira
- Lançamento: outubro de 2021
- Páginas: 576
- Dimensões: 16 x 22 cm
- ISBN: 9786587235431
- Idioma: Português do Brasil
- Editora: Elefante
# Pluriverso: Um Dicionário do Pós-desenvolvimento, Ashish Kothari, Ariel Salleh, Arturo Escobar, Federico Demaria, Alberto Acosta, ISBN 9786587235431
Pluriverso: Um Dicionário do Pós-desenvolvimento - Ashish Kothari, Ariel Salleh
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