Permitam-me uma observação, quiçá um pouco desconcertante para o espírito moderno: numa era que venera o novo como dogma, será ato de rebeldia ou de profunda sabedoria perguntar o que vale a pena conservar? Sir Roger Scruton, aquele inglês de cabeleira flamejante e espírito afiado como um sabre de oficial, não nos oferece um manifesto. Oferece-nos, antes, uma coleção de onze ensaios que são como faróis a cortar o nevoeiro ideológico dos nossos dias.
Aqui, caro amigo, não encontrará teorias abstratas flutuando no éter. Scruton, com a erudição de quem bebeu dos clássicos e a coragem de quem enfrentou os totalitarismos do século XX, pisa o chão firme das polémicas que realmente nos agitam: o patriotismo é um vício ou uma virtude? Como ser conservador da natureza sem aderir ao ecologismo radical? O que se perde quando o sagrado é expulso da praça pública pelo secularismo agressivo? E o vegetarianismo, o aborto, a eutanásia?
Scruton aborda tudo isto, sim. Mas o seu argumento central, e isto é crucial, é um só: a sociedade não é um contrato entre vivos apenas. É, nas palavras de Edmund Burke que ele recupera, um "contrato entre os vivos, os mortos e os que nascerão". A tradição, portanto, não é um fardo. É a sabedoria acumulada dos que nos precederam, um mapa para navegar a complexidade humana que a razão isolada jamais poderia cartografar. Ele contrapõe esta visão à "visão de mundo moderna, baseada no naturalismo filosófico", mostrando como esta última nos torna pobres de espírito e vulneráveis aos cantos de sereia dos totalitarismos.
A edição que temos em mãos, da respeitável editora É Realizações, apresenta o texto em português do Brasil, com 264 páginas de puro estímulo intelectual. É um livro que não se lê para concordar passivamente. Lê-se para travar um duelo de ideias com um dos mais brilhantes filósofos conservadores desde Burke. Sairá certamente com as suas certezas abaladas – e as suas convicções, quiçá, mais sólidas e profundamente refletidas.
Para o leitor português, que conhece o peso da história e o valor de uma identidade que resiste, este livro é um espelho e um desafio. Um convite a pensar, com seriedade e sem medo, sobre aquilo que, no fundo, queremos legar aos que hão de vir.
Aguardamos a sua encomenda, com a certeza de que estará a adquirir muito mais do que um livro. Estará a adquirir um interlocutor para toda a vida.
Dados do Livro:
Autor: Roger Scruton
Título: Uma Filosofia Política. Argumentos Para o Conservadorismo
Editora: É Realizações
ISBN: 9788580333015
Idioma: Português do Brasil
Páginas: 264
Uma Filosofia Política. Argumentos Para o Conservadorismo - Roger Scruton
Até 3 dias úteis.





































