Grande Prémio de Conto Branquinho da Fonseca da Associação Portuguesa de Escritores 2024
No universo literário de Mia Couto, em que uma coisa, um animal, por exemplo, pode ser uma pessoa, as nuvens, que, com os nossos olhos, vemos circulando pelo céu, podem, se consideradas com a imaginação, existir debaixo da terra. E se é assim, um Compêndio para Desenterrar Nuvens tem para nós a maior utilidade.
Nestes vinte e dois exercícios de imaginação mais uma vez Mia Couto nos serve de guia para descobrirmos o que está no que vemos com os olhos e no que a imaginação nos dá a ver.
E atenção: nem sempre as duas imagens coincidem.
"Em centena e meia de páginas, 22 histórias coabitam - curtas, intensas, poéticas - entre o real e o imaginário, entre o sonho e a crua, mas bela, realidade da vida. Assim é a nova antologia de contos de Mia Couto, originalmente escritos para a revista Visão e agora adaptados, com pequenas alterações, para formarem este livro.
Quem já leu Mia Couto, saberá que foi na poesia que este encontrou «o grande molde» para se tornar escritor. Como moçambicano, inspira-se na ideia de um mundo que não separa o humano da Natureza, e em que a imaginação e a reinterpretação da realidade, e até da língua, são bálsamos para curar a fome, o medo ou a dor. A poesia, diz, «é uma forma de estar sintonizado com aquilo que não é imediatamente visível» e que, «às vezes, comanda».
Depois de O Caçador de Elefantes Invisíveis, Mia Couto regressa à prosa curta neste Compêndio para Desenterrar Nuvens com histórias que, a começar pelos títulos, extravasam as palavras, dotadas de múltiplos sentidos. «Em casa de pobre até o tempo escasseia. (…) Vantagem de uma vida que não começa: chega-se ao fim sem precisar de morrer.» - assim se estende "O Colchão", a história de Analízia, seguida da de Joaquim, que escreve uma «carta sem retorno» à mãe que nunca conheceu. Ambos sonham com as palavras que lhes abrem o universo, mas têm de guardar só para si, culpa de um quotidiano que os prende. A Joaquim, certa vez até lhe saíram versos, e foi como se lhe «nascesse a boca» que não teve na infância.
Não faltam momentos de humor, com sátira aos tempos que correm. Veja-se o conto de Adalberto Malaquias, «um homem tão gentil que tinha dificuldades em existir». Ausente da esfera virtual, vê-se acusado pelos seus «vizinhos, vizinhas e vizinhes» do crime de «patriarcado falocêntrico» …"
Mia Couto nasceu na Beira, Moçambique, em 1955. Foi jornalista e professor, e é, atualmente, biólogo e escritor. Está traduzido em diversas línguas.
Entre outros prémios e distinções (de que se destaca a nomeação, por um júri criado para o efeito pela Feira Internacional do Livro do Zimbabwe, de Terra Sonâmbula como um dos doze melhores livros africanos do século XX), foi galardoado, pelo conjunto da sua já vasta obra, com o Prémio Vergílio Ferreira 1999 e com o Prémio União Latina de Literaturas Românicas 2007. Ainda em 2007 Mia foi distinguido com o Prémio Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Literatura pelo seu romance O Outro Pé da Sereia. Jesusalém foi considerado um dos 20 livros de ficção mais importantes da «rentrée» literária francesa por um júri da estação radiofónica France Culture e da revista Télérama. Em 2011 venceu o Prémio Eduardo Lourenço, que se destina a premiar o forte contributo de Mia Couto para o desenvolvimento da língua portuguesa. Em 2013 foi galardoado com o Prémio Camões e com o prémio norte-americano Neustadt. Em 2015 foi finalista do The Man Booker Prize.
O seu livro Compêndio para Desenterrar Nuvens ganhou o Grande Prémio do Conto Branquinho da Fonseca APE | Câmara Municipal de Cascais | Fundação D. Luís I, 2023.
Já em 2024 obteve o Prémio Feira Internacional do Livro de Guadalajara (México).
Detalhes do produto
- Editora : Editorial Caminho; outubro de 2023
- Idioma : Português
- Número de páginas: 144 páginas
- ISBN: 9789722132367
- Dimensões : 137 x 211 x 9 mm
Compêndio para Desenterrar Nuvens - Mia Couto
- Até 5 dias úteis.

































